Fórum Nacional da Soja mobiliza o produtor
15/03/2011
noticias
Os desafios da produtividade, políticas do novo governo e as condições de mercado fizeram parte da pauta do evento
O Fórum Nacional da Soja, em 2011 na sua 22 edição - evento já tradicional dentro da Expodireto Cotrijal -, mobilizou, a partir das 8 horas da manhã da terça-feira (15), um grande número de produtores no Auditório Central do Parque. Entre participantes, palestrantes e moderadores, a presença do presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, senadora Ana Amélia Lemos (palestrante), presidente CCGL, Termasa/Fergrasa, Caio César Viana, prefeito de Não-Me-Toque, Antônio Vicente Piva, representante da União Brasileira do Biodiesel, Odacir Klein (fundador do Fórum da Soja, quando presidente da Fecoagro), o diretor de Estratégias e Gerenciamento de Produtos, Rodrigo Santos (palestrante), gerente de Estratégia de Proteção de Cultivo, Julio Negrelli (palestrante), e o diretor executivo da Agroconsult e idealizador do Rally da Safra, André Pessoa (palestrante). "O Fórum Nacional da Soja, este ano, trará muita informação, porque o desenvolvimento da tecnologia, e da biotecnologia, está, a cada ano, mais avançado e com maiores desafios. E, aqui neste evento, poderemos nos interar mais sobre esta importante cultura, que é a produção da soja", citou o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, na recepção aos presentes. O Fórum tem como principal objetivo discutir e projetar as tendências do mercado da soja, dar conhecimento das novas tecnologias que se apresentam na importante produção do cenário agrícola e nacional. E, ter uma visão das tendências da economia, e políticas públicas em relação à cadeia produtiva. O evento é promoção da Cotrijal e Fecoagro/RS,e tem o patrocínio da CCGL, Termasa e Tergrasa.
22° FORUM NACIONAL DA SOJA EXPODIRETO 2011 NÃO-ME-TOQUE-RS 15/03/2011 DOCUMENTO DO 22° FÓRUM NACIONAL DA SOJA Neste ano de 2011 o Fórum se desenvolveu sob a preocupação quanto ao novo Código Florestal brasileiro. Já na abertura do evento, o Sr. Caio Vianna, presidente da CCGL e também representando o presidente da Fecoagro, indicou que tal decisão irá definir o futuro da agricultura brasileira no mundo. A necessidade de se aprovar o substitutivo ao Código Florestal atual é fundamental, sob pena de inviabilizar-se um grande número de produtores rurais. Afinal, produzimos ainda muito pouco em relação ao potencial existente. Todavia, esta produção somente poderá crescer se houver racionalidade na construção do Código Florestal nacional. Senadora destaca o Código Florestal Nesse sentido, a Senadora Ana Amélia Lemos iniciou sua explanação destacando o dilema em que o setor primário se encontra. Ou seja, enquanto produzimos uma safra recorde, na era da agricultura de precisão, entramos num debate difícil sobre o Código Florestal. Nesse sentido, defendeu que o obscurantismo que visa frear o uso da terra, via o Código, não deve prevalecer. Ou seja, é necessário rever o que está no Código. O problema é que há divergências internas no governo que impedem uma decisão racional. Esse debate está semelhante à luta em relação aos transgênicos e aos índices de produtividade. A razão está dando lugar à emoção e, assim, todos perdem. Não podemos esquecer que o agricultor é um preservacionista da natureza e não seu destruidor. Por outro lado, a Senadora defendeu que precisamos de políticas eficientes, em especial de infraestrutura. Hoje 12% da soja são perdidos no transporte. A área pública não investe na infraestrutura enquanto bloqueia a produção primária com leis intempestivas, pressionada por interesses externos e obscurantismo interno. Paralelamente, não basta apenas crédito, pois o produtor precisa é de renda para pagar sua dívida. O médio produtor enfrenta uma situação muito difícil, pois falta adimplência para muitos. E o Estado nacional pouco está se preocupando com isso. Esses são alguns dos dilemas que temos hoje no agronegócio nacional. Soma-se a isso o fato de que o governo atual ainda não sinalizou como será sua política agrícola, já que plano safra não é política de longo prazo para o setor. Enfim, precisamos estar atentos em relação as nossas relações internacionais. Os governos latino-americanos estão muito mais preocupados com a inflação e não exatamente com a produção de alimentos, correndo o risco de gerar uma exclusão do campo pela formatação de leis que prejudicam a permanência do produtor no meio rural. Nos mantemos submissos em relação às decisões de nossos vizinhos do Mercosul, em barrar os produtos do agronegócio nacional. Barreiras contra nossos produtos são constantes e nada fazemos. Pelo contrário, para cumprir acordos, ainda importamos produtos agrícolas de nossos vizinhos, quando aqui sobra produto, caso, por exemplo, do arroz. Isso porque a posição brasileira com os países externos, em relação ao comércio, tem sido muito frágil, aceitando barreiras seguidamente sem reagirmos adequadamente. E, no que diz respeito aos produtos primários, quem paga a conta de tudo isso é o produtor rural brasileiro. As novas tecnologias Em um segundo momento, o Fórum apresentou as intervenções dos diretores da Monsanto, Srs. Rodrigo Santos e Júlio Negreli, que abordaram o tema "inovações da Monsanto na agricultura brasileira". A partir de uma abordagem populacional, os palestrantes destacaram a necessidade da continuidade no avanço e sustentabilidade da tecnologia de produção. Afinal, o mundo está diante de um crescimento populacional que deverá levá-lo a 9,5 bilhões de pessoas em 2050, contra os 6,9 bilhões atuais. Paralelamente, a área usada na agricultura pouco aumenta. Nós brasileiros usamos apenas 9% da área para a produção primária. Hoje temos apenas 0,17 hectare de agricultura por pessoa no mundo, contra 0,42 nos anos de 1960. Um agricultor, em 1940, produzia para 19 pessoas. Em 1970 produzia para 73 pessoas e em 2010 para 155 pessoas. Isso dá a dimensão do desafio que o agronegócio mundial em geral, e brasileiro em particular, tem pela frente. Nesse sentido, a FAO alerta que, entre 2010 e 2050, o mundo precisará mais alimentos do que produziu até agora na sua história. Isso requer inovações constantes na agricultura. Esse será o fundamento para o mundo aumentar a produtividade visando alimentar toda esta população que está nascendo. Desta forma, precisaremos agregar sempre mais tecnologia para aumentar a produção mundial. Assim, o melhoramento genético e os marcadores moleculares serão elementos centrais desta nova revolução agrícola mundial. Para encontrar solução à ferrugem asiática, por exemplo, se está trabalhando com o marcador molecular. Afora isso, já temos o uso de ressonância magnética sobre a semente e mapeamento genético de novas variedades. Isso nos permite maior produtividade com características adaptadas às diferentes regiões brasileiras. Hoje, a tecnologia permite observar as características genéticas da soja via aparelhos eletrônicos em um tempo curto, sem necessitar mais realizar o plantio experimental. Para 2012 a biotecnologia deverá avançar com a soja transgênica resistente a insetos e maior produtividade, já com lavouras experimentais no Brasil. Deveremos ter uma variedade de soja que dá 7,6% mais de produtividade em relação às atuais variedades, e que logo mais será lançada no Brasil. No milho igualmente a tecnologia está aumentando, eliminando aplicações de inseticidas. Isso faz do Brasil, atualmente, o segundo produtor mundial no uso de biotecnologia. Agora, para que não se perca todo esse esforço científico, precisamos gerar um processo de sustentabilidade da tecnologia. Nesse sentido, o Brasil tem chance de fazer um uso sustentável de sua tecnologia transgênica. Para tanto, a Monsanto está apresentando uma ferramenta visando proteger a tecnologia existente, chamada de Sistema RR Plus, que consiste no tripé defensivo, biotecnologia e manejo, em funcionamento conjunto. O manejo diferenciado seria o Plus ao RR existente. Esse sistema de manejo deve proteger a tecnologia usada, e o mesmo deve ser amplo e completo, devendo ser curativo e preventivo. O que não podemos, é perder a tecnologia que conquistamos. As tendências do mercado da soja Por fim, o Fórum foi encerrado com a palestra "O mercado de soja em 2011: oportunidades e riscos", proferida pelo Sr. André Pessoa, diretor executivo da Agroconsult. O mesmo iniciou confirmando que estamos diante de um ano muito bom, que concilia excelente produtividade com um mercado muito positivo. O Rally da Safra 2011 está demonstrando isso, ao passar por 11 Estados, com 10 equipes e percorrendo 55.000 quilômetros no país. Enquanto isso, o mercado está enfrentando um choque de demanda importante, que não é compensado pela produção. Os EUA, por exemplo, já terminaram a safra 2010/11, com 31 milhões de hectares e colheita de 90,6 milhões de toneladas. Mesmo diante de tais números, o resultado foi um tanto frustrante para os estadunidenses. Na verdade, os EUA esperavam mais em produtividade. Isso porque, diante de tais números, pelo quarto ano consecutivo os estoques finais no país ficam em patamares críticos. Nesse contexto, os EUA estariam com medo que lhe faltem estoques na medida em que a relação estoque/consumo é de apenas 4%. Portanto, não há espaço para quebra da nova safra, que logo mais será plantada. Assim, o ajuste poderá se dar por menores exportações. Isso explicaria os preços altos atualmente em Chicago. Por outro lado, os estoques estão baixos também junto aos outros principais produtos, particularmente o milho. Por sua vez, a Argentina, apesar de ter começado a nova safra em situação ruim, se recuperou com o retorno das chuvas de janeiro e fevereiro. Assim, a safra tende a ser menor, porém, longe de ser ruim. No entanto, é preciso ainda que chova nos próximos 30 dias. Estes choques se caracterizam como sendo de oferta, os quais provocam oscilações importantes nos preços, porém, de ciclos curtos (um a dois anos). Todavia, o que está acontecendo hoje no mercado mundial é um choque de demanda. Ora, superar esse tipo de choque é muito longo, podendo seu ciclo demorar anos. Essa perspectiva estaria indicando que a continuidade de preços elevados pode ser mais duradoura. Liga-se a isso o aumento da renda nos países emergentes, fato que eleva o consumo da proteína animal, a qual encontra, na combinação de milho com farelo de soja, o melhor componente para gerá-la. Quanto à produção brasileira, espera-se, no Rio Grande do Sul, 45 sacos/hectare de média com as lavouras de soja. No Brasil, a produtividade média deverá ficar em 50 sacos/hectare pela primeira vez na história do país. Assim, o volume final nacional ainda continua sendo projetado em 72 milhões de toneladas, apesar de problemas climáticos localizados. Mesmo assim, os mercados continuam nervosos. Quanto à demanda, a China aponta para um consumo de farelo em crescimento de 15% ao ano, propiciado pela melhoria na tecnologia de produção de suínos. E o consumo chinês deverá continuar firme por muitos anos. O consumo de soja na China atinge a 68,9 milhões de toneladas de soja, sendo 57,9 milhões importados. Com isso, a demanda deverá diminuir somente se o preço subir demais. Essa é uma questão crucial a partir de agora. Dito isso, é preciso igualmente ficarmos atentos à safra futura dos EUA, a qual começa a ser semeada em abril. Quanto de área a soja irá receber? Ora, a resposta é que a maior área será destinada ao produto que der mais dinheiro ao produtor. Hoje, a relação soja/milho é de 2,16 em favor do milho. Ou seja, a área de milho deverá aumentar mais em detrimento da soja, fato que deverá manter os preços elevados da oleaginosa. Todavia, os EUA poderão muito bem conservar a área de soja, retirando espaço dos programas de conservação. Assim, ironicamente, enquanto o Brasil, através do Código Florestal, vê a possibilidade de reduzir sua área de plantio, os EUA, para suprir seus estoques e demanda, avançam sobre áreas de conservação. Assim, não há espaço para frustração de safra, tanto em milho quanto em soja nos EUA. Com isso, o mercado de clima, que logo se inicia naquele país, será particularmente importante neste ano. Desta forma, o patamar de alta dos preços em Chicago não pode ser medido. Ou seja, os preços podem chegar a níveis nunca vistos se houver quebra naquele país neste ano de 2011. Nesse contexto, a rentabilidade dos produtores brasileiros irá melhorar. E isso se evidencia para a próxima safra. Tanto é verdade que a relação de troca insumo/produto passa de 23 para 18 sacos/hectare no país, enquanto no Rio Grande do Sul a mesma cai de 22 para 16 sacos. Assim, as margens poderão ser as melhores da história na próxima colheita, em se confirmando o atual quadro de mercado. A crise existe, porém, com esta tendência a mesma passa a ser resolvida, após os fracassos de 2005 e 2006. Para finalizar, o palestrante indicou que a estratégia, no atual contexto do mercado da soja, é fazer melhor a partir de onde se chegou, em termos tecnológicos, visando aumentar a rentabilidade, além de usar as áreas de pasto degradadas. Mesmo assim, precisamos continuar ampliando a área semeada e não restringi-la como o novo Código Florestal indica. Temos um dos melhores ativos do mundo, que é a terra. Não podemos abrir mão de usá-lo corretamente. Para tanto, a classe produtora precisa se unir mais em defesa de seus interesses nesse debate em torno do Código. Hoje o Brasil tem condições de se posicionar como um grande fornecedor de produtos primários, já sendo considerado um país de primeiro mundo no contexto do agronegócio global, porém, corre o risco de perder os avanços alcançados até aqui, nesta área, se utilizar mal a terra que possui, podendo mesmo piorar tal possibilidade a partir da aprovação do Código Florestal que está em discussão no Congresso Nacional.
O Fórum Nacional da Soja, em 2011 na sua 22 edição - evento já tradicional dentro da Expodireto Cotrijal -, mobilizou, a partir das 8 horas da manhã da terça-feira (15), um grande número de produtores no Auditório Central do Parque. Entre participantes, palestrantes e moderadores, a presença do presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, senadora Ana Amélia Lemos (palestrante), presidente CCGL, Termasa/Fergrasa, Caio César Viana, prefeito de Não-Me-Toque, Antônio Vicente Piva, representante da União Brasileira do Biodiesel, Odacir Klein (fundador do Fórum da Soja, quando presidente da Fecoagro), o diretor de Estratégias e Gerenciamento de Produtos, Rodrigo Santos (palestrante), gerente de Estratégia de Proteção de Cultivo, Julio Negrelli (palestrante), e o diretor executivo da Agroconsult e idealizador do Rally da Safra, André Pessoa (palestrante). "O Fórum Nacional da Soja, este ano, trará muita informação, porque o desenvolvimento da tecnologia, e da biotecnologia, está, a cada ano, mais avançado e com maiores desafios. E, aqui neste evento, poderemos nos interar mais sobre esta importante cultura, que é a produção da soja", citou o presidente da Cotrijal, Nei César Mânica, na recepção aos presentes. O Fórum tem como principal objetivo discutir e projetar as tendências do mercado da soja, dar conhecimento das novas tecnologias que se apresentam na importante produção do cenário agrícola e nacional. E, ter uma visão das tendências da economia, e políticas públicas em relação à cadeia produtiva. O evento é promoção da Cotrijal e Fecoagro/RS,e tem o patrocínio da CCGL, Termasa e Tergrasa.
22° FORUM NACIONAL DA SOJA EXPODIRETO 2011 NÃO-ME-TOQUE-RS 15/03/2011 DOCUMENTO DO 22° FÓRUM NACIONAL DA SOJA Neste ano de 2011 o Fórum se desenvolveu sob a preocupação quanto ao novo Código Florestal brasileiro. Já na abertura do evento, o Sr. Caio Vianna, presidente da CCGL e também representando o presidente da Fecoagro, indicou que tal decisão irá definir o futuro da agricultura brasileira no mundo. A necessidade de se aprovar o substitutivo ao Código Florestal atual é fundamental, sob pena de inviabilizar-se um grande número de produtores rurais. Afinal, produzimos ainda muito pouco em relação ao potencial existente. Todavia, esta produção somente poderá crescer se houver racionalidade na construção do Código Florestal nacional. Senadora destaca o Código Florestal Nesse sentido, a Senadora Ana Amélia Lemos iniciou sua explanação destacando o dilema em que o setor primário se encontra. Ou seja, enquanto produzimos uma safra recorde, na era da agricultura de precisão, entramos num debate difícil sobre o Código Florestal. Nesse sentido, defendeu que o obscurantismo que visa frear o uso da terra, via o Código, não deve prevalecer. Ou seja, é necessário rever o que está no Código. O problema é que há divergências internas no governo que impedem uma decisão racional. Esse debate está semelhante à luta em relação aos transgênicos e aos índices de produtividade. A razão está dando lugar à emoção e, assim, todos perdem. Não podemos esquecer que o agricultor é um preservacionista da natureza e não seu destruidor. Por outro lado, a Senadora defendeu que precisamos de políticas eficientes, em especial de infraestrutura. Hoje 12% da soja são perdidos no transporte. A área pública não investe na infraestrutura enquanto bloqueia a produção primária com leis intempestivas, pressionada por interesses externos e obscurantismo interno. Paralelamente, não basta apenas crédito, pois o produtor precisa é de renda para pagar sua dívida. O médio produtor enfrenta uma situação muito difícil, pois falta adimplência para muitos. E o Estado nacional pouco está se preocupando com isso. Esses são alguns dos dilemas que temos hoje no agronegócio nacional. Soma-se a isso o fato de que o governo atual ainda não sinalizou como será sua política agrícola, já que plano safra não é política de longo prazo para o setor. Enfim, precisamos estar atentos em relação as nossas relações internacionais. Os governos latino-americanos estão muito mais preocupados com a inflação e não exatamente com a produção de alimentos, correndo o risco de gerar uma exclusão do campo pela formatação de leis que prejudicam a permanência do produtor no meio rural. Nos mantemos submissos em relação às decisões de nossos vizinhos do Mercosul, em barrar os produtos do agronegócio nacional. Barreiras contra nossos produtos são constantes e nada fazemos. Pelo contrário, para cumprir acordos, ainda importamos produtos agrícolas de nossos vizinhos, quando aqui sobra produto, caso, por exemplo, do arroz. Isso porque a posição brasileira com os países externos, em relação ao comércio, tem sido muito frágil, aceitando barreiras seguidamente sem reagirmos adequadamente. E, no que diz respeito aos produtos primários, quem paga a conta de tudo isso é o produtor rural brasileiro. As novas tecnologias Em um segundo momento, o Fórum apresentou as intervenções dos diretores da Monsanto, Srs. Rodrigo Santos e Júlio Negreli, que abordaram o tema "inovações da Monsanto na agricultura brasileira". A partir de uma abordagem populacional, os palestrantes destacaram a necessidade da continuidade no avanço e sustentabilidade da tecnologia de produção. Afinal, o mundo está diante de um crescimento populacional que deverá levá-lo a 9,5 bilhões de pessoas em 2050, contra os 6,9 bilhões atuais. Paralelamente, a área usada na agricultura pouco aumenta. Nós brasileiros usamos apenas 9% da área para a produção primária. Hoje temos apenas 0,17 hectare de agricultura por pessoa no mundo, contra 0,42 nos anos de 1960. Um agricultor, em 1940, produzia para 19 pessoas. Em 1970 produzia para 73 pessoas e em 2010 para 155 pessoas. Isso dá a dimensão do desafio que o agronegócio mundial em geral, e brasileiro em particular, tem pela frente. Nesse sentido, a FAO alerta que, entre 2010 e 2050, o mundo precisará mais alimentos do que produziu até agora na sua história. Isso requer inovações constantes na agricultura. Esse será o fundamento para o mundo aumentar a produtividade visando alimentar toda esta população que está nascendo. Desta forma, precisaremos agregar sempre mais tecnologia para aumentar a produção mundial. Assim, o melhoramento genético e os marcadores moleculares serão elementos centrais desta nova revolução agrícola mundial. Para encontrar solução à ferrugem asiática, por exemplo, se está trabalhando com o marcador molecular. Afora isso, já temos o uso de ressonância magnética sobre a semente e mapeamento genético de novas variedades. Isso nos permite maior produtividade com características adaptadas às diferentes regiões brasileiras. Hoje, a tecnologia permite observar as características genéticas da soja via aparelhos eletrônicos em um tempo curto, sem necessitar mais realizar o plantio experimental. Para 2012 a biotecnologia deverá avançar com a soja transgênica resistente a insetos e maior produtividade, já com lavouras experimentais no Brasil. Deveremos ter uma variedade de soja que dá 7,6% mais de produtividade em relação às atuais variedades, e que logo mais será lançada no Brasil. No milho igualmente a tecnologia está aumentando, eliminando aplicações de inseticidas. Isso faz do Brasil, atualmente, o segundo produtor mundial no uso de biotecnologia. Agora, para que não se perca todo esse esforço científico, precisamos gerar um processo de sustentabilidade da tecnologia. Nesse sentido, o Brasil tem chance de fazer um uso sustentável de sua tecnologia transgênica. Para tanto, a Monsanto está apresentando uma ferramenta visando proteger a tecnologia existente, chamada de Sistema RR Plus, que consiste no tripé defensivo, biotecnologia e manejo, em funcionamento conjunto. O manejo diferenciado seria o Plus ao RR existente. Esse sistema de manejo deve proteger a tecnologia usada, e o mesmo deve ser amplo e completo, devendo ser curativo e preventivo. O que não podemos, é perder a tecnologia que conquistamos. As tendências do mercado da soja Por fim, o Fórum foi encerrado com a palestra "O mercado de soja em 2011: oportunidades e riscos", proferida pelo Sr. André Pessoa, diretor executivo da Agroconsult. O mesmo iniciou confirmando que estamos diante de um ano muito bom, que concilia excelente produtividade com um mercado muito positivo. O Rally da Safra 2011 está demonstrando isso, ao passar por 11 Estados, com 10 equipes e percorrendo 55.000 quilômetros no país. Enquanto isso, o mercado está enfrentando um choque de demanda importante, que não é compensado pela produção. Os EUA, por exemplo, já terminaram a safra 2010/11, com 31 milhões de hectares e colheita de 90,6 milhões de toneladas. Mesmo diante de tais números, o resultado foi um tanto frustrante para os estadunidenses. Na verdade, os EUA esperavam mais em produtividade. Isso porque, diante de tais números, pelo quarto ano consecutivo os estoques finais no país ficam em patamares críticos. Nesse contexto, os EUA estariam com medo que lhe faltem estoques na medida em que a relação estoque/consumo é de apenas 4%. Portanto, não há espaço para quebra da nova safra, que logo mais será plantada. Assim, o ajuste poderá se dar por menores exportações. Isso explicaria os preços altos atualmente em Chicago. Por outro lado, os estoques estão baixos também junto aos outros principais produtos, particularmente o milho. Por sua vez, a Argentina, apesar de ter começado a nova safra em situação ruim, se recuperou com o retorno das chuvas de janeiro e fevereiro. Assim, a safra tende a ser menor, porém, longe de ser ruim. No entanto, é preciso ainda que chova nos próximos 30 dias. Estes choques se caracterizam como sendo de oferta, os quais provocam oscilações importantes nos preços, porém, de ciclos curtos (um a dois anos). Todavia, o que está acontecendo hoje no mercado mundial é um choque de demanda. Ora, superar esse tipo de choque é muito longo, podendo seu ciclo demorar anos. Essa perspectiva estaria indicando que a continuidade de preços elevados pode ser mais duradoura. Liga-se a isso o aumento da renda nos países emergentes, fato que eleva o consumo da proteína animal, a qual encontra, na combinação de milho com farelo de soja, o melhor componente para gerá-la. Quanto à produção brasileira, espera-se, no Rio Grande do Sul, 45 sacos/hectare de média com as lavouras de soja. No Brasil, a produtividade média deverá ficar em 50 sacos/hectare pela primeira vez na história do país. Assim, o volume final nacional ainda continua sendo projetado em 72 milhões de toneladas, apesar de problemas climáticos localizados. Mesmo assim, os mercados continuam nervosos. Quanto à demanda, a China aponta para um consumo de farelo em crescimento de 15% ao ano, propiciado pela melhoria na tecnologia de produção de suínos. E o consumo chinês deverá continuar firme por muitos anos. O consumo de soja na China atinge a 68,9 milhões de toneladas de soja, sendo 57,9 milhões importados. Com isso, a demanda deverá diminuir somente se o preço subir demais. Essa é uma questão crucial a partir de agora. Dito isso, é preciso igualmente ficarmos atentos à safra futura dos EUA, a qual começa a ser semeada em abril. Quanto de área a soja irá receber? Ora, a resposta é que a maior área será destinada ao produto que der mais dinheiro ao produtor. Hoje, a relação soja/milho é de 2,16 em favor do milho. Ou seja, a área de milho deverá aumentar mais em detrimento da soja, fato que deverá manter os preços elevados da oleaginosa. Todavia, os EUA poderão muito bem conservar a área de soja, retirando espaço dos programas de conservação. Assim, ironicamente, enquanto o Brasil, através do Código Florestal, vê a possibilidade de reduzir sua área de plantio, os EUA, para suprir seus estoques e demanda, avançam sobre áreas de conservação. Assim, não há espaço para frustração de safra, tanto em milho quanto em soja nos EUA. Com isso, o mercado de clima, que logo se inicia naquele país, será particularmente importante neste ano. Desta forma, o patamar de alta dos preços em Chicago não pode ser medido. Ou seja, os preços podem chegar a níveis nunca vistos se houver quebra naquele país neste ano de 2011. Nesse contexto, a rentabilidade dos produtores brasileiros irá melhorar. E isso se evidencia para a próxima safra. Tanto é verdade que a relação de troca insumo/produto passa de 23 para 18 sacos/hectare no país, enquanto no Rio Grande do Sul a mesma cai de 22 para 16 sacos. Assim, as margens poderão ser as melhores da história na próxima colheita, em se confirmando o atual quadro de mercado. A crise existe, porém, com esta tendência a mesma passa a ser resolvida, após os fracassos de 2005 e 2006. Para finalizar, o palestrante indicou que a estratégia, no atual contexto do mercado da soja, é fazer melhor a partir de onde se chegou, em termos tecnológicos, visando aumentar a rentabilidade, além de usar as áreas de pasto degradadas. Mesmo assim, precisamos continuar ampliando a área semeada e não restringi-la como o novo Código Florestal indica. Temos um dos melhores ativos do mundo, que é a terra. Não podemos abrir mão de usá-lo corretamente. Para tanto, a classe produtora precisa se unir mais em defesa de seus interesses nesse debate em torno do Código. Hoje o Brasil tem condições de se posicionar como um grande fornecedor de produtos primários, já sendo considerado um país de primeiro mundo no contexto do agronegócio global, porém, corre o risco de perder os avanços alcançados até aqui, nesta área, se utilizar mal a terra que possui, podendo mesmo piorar tal possibilidade a partir da aprovação do Código Florestal que está em discussão no Congresso Nacional.
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