Notícias

Espaço de inovação da Expodireto Cotrijal trouxe especialistas para analisar o panorama da relação Brasil-UE do ponto de vista do agro

Dois dias após representantes do Mercosul e da União Europeia se reunirem para retomar as negociações do acordo comercial entre as partes, a Arena Agrodigital já estava debatendo os possíveis cenários caso ele se concretize. Nesta sexta-feira (10), espaço de inovação e tecnologia da Expodireto Cotrijal abordou tema nos painéis da manhã.

O primeiro debate, “Inovação e Sustentabilidade na Agricultura Europeia contemporânea”, contou com a mediação de Larissa Wachholz, diretora executiva da Vallya Agro. O espaço contou com a participação de Ana Kreter, economista agrícola e professora de desenvolvimento rural na Rhine Waal University of Applied Sciences em Kleve, Alemanha; E também Damian Lluna, representante da delegação da União Europeia no Brasil.

As previsões para pós-acordo

Apesar das apreensões que acompanham o debate, os cenários pós-acordo são favoráveis para o mercado brasileiro. O Ministério da Economia estima um incremento no PIB do Brasil de até US$ 125 bilhões em 15 anos, enquanto a Fundação Getúlio Vargas calcula um aumento de 2,8% do PIB real para 2030. Em relação a exportação, a Confederação Nacional da Indústria prevê um aumento de até 23,6% em 10 anos.

O principal benefício será a facilitação dos processos de exportação entre países dos dois grupos. Mas além disso, o acordo também garante a proteção de 355 produtos europeus e 220 do Mercosul, sendo 36 do Brasil. Essa medida protege os produtos listados contra reproduções por outros países, impossibilitando que sejam comercializados como imitações. Esse número ainda pode ser alterado até a assinatura do texto final.

“Esse acordo pode gerar uma série de benefícios para ambos os lados, não só falando de cooperação e exportação. A União Europeia, por exemplo, participa de uma ampla rede de cadeias globais de valor, enquanto o Mercosul tem um baixo nível de integração. A partir do acordo, o Mercosul poderá se aproximar mais facilmente dessas cadeias e participar ativamente das dinâmicas globais” analisa Lluna.

Pacto ecológico europeu

Outro tema abordado pelos palestrantes foi as demandas do pacto ecológico europeu. Segundo Kreter, há uma série de medidas sustentáveis que buscam garantir a segurança alimentar da Europa a longo prazo e reduzir a emissão de gases gerada pela produção de alimentos. Isso interessa ao Brasil pois a União Europeia é o segundo maior comprador de produtos do agronegócio brasileiro.

“A Europa tem grande capacidade de influência regulatória e comportamental no mundo. Atualmente os países da União Europeia tem liderado o debate de sustentabilidade alimentar, e isso impacta diretamente o agro brasileiro. Por isso precisamos assumir nosso lugar neste debate. Produtores, entidades, cooperativas e empresa precisam pressionar as instituições públicas que representam o agro no exterior para que o Brasil participe mais ativamente e defenda seus interesses”, destaca Wachholz.

O painel encerrou indicando o interesse europeu em consumir produtos de maior valor agregado e que o Brasil é capaz de dar conta dessa demanda. O agro brasileiro ainda precisa avançar no uso de rastreabilidade e na divulgação do que já é realidade nas lavouras em relação a sustentabilidade.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Expodireto Cotrijal