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Por uma energia mais limpa no campo

Por uma energia mais limpa no campo
07/03/2013 noticias
Produção de energia renovável (eólica ou solar) tem o apoio do BRDE

Além de vitrine da tecnologia de precisão e de inovações, a 14 Expodireto é palco de debates sobre os mais variados temas, como a sustentabilidade. As vantagens do uso dessas energias nas propriedades rurais e as oportunidades de financiamento e redução de impostos foram discutidas na quarta-feira (6) em um painel especial no Auditório de Produção da feira. "A população cresce num ritmo muito acelerado e a demanda de energia acompanha esse crescimento. Porém, as fontes de energia convencionais estão no limite, principalmente na distribuição centralizada de uma rede sucateada em grande parte do país. A energia renovável, eólica e fotovoltaica, nos brinda com energia limpa, descentralização e redução de custos na transmissão, representando uma enorme segurança para que o país possa contar com energia não só nos lares, mas também no segmento de máquinas e indústrias", explicou o pesquisador da área e engenheiro agrônomo Udo Schmiedt. O modelo de aerogerador apresentado por Schmiedt na Expodireto tem capacidade para produzir até 500 kWh por mês, o que dá para manter uma ordenhadeira ou um resfriador funcionando. "Essas fontes de energia são o caminho para o futuro. A gente vê cada dia mais carros elétricos sendo produzidos. Por que não pensar em máquinas agrícolas elétricas se já temos tratores hidráulicos", ressalta. Schmiedt destacou ainda que o Brasil é um país tropical com extensão continental abençoada pela energia solar. Mas, segundo ele, enquanto países como a Alemanha geram o equivalente a duas hidrelétricas Itaipu por ano, o Brasil não consegue explorar o potencial solar e afastar o risco de racionamento cada vez que o nível dos principais reservatórios baixa com a escassez de chuva. O pesquisador aplica na sua propriedade a energia renovável. Ele tem três aerogeradores, um médio e dois pequenos, e quatro módulos de energia fotovoltaica. Toda a energia necessária para manter a residência e os oito hectares em que cultiva soja é proveniente dos sistemas. "A tecnologia existe, mas precisamos de mais incentivos por parte do governo e de dirigentes locais", concluiu Udo. "É um tema novo, recente, e a Expodireto tem por obrigação tratar sobre o assunto até para poder ajudar os produtores que desejarem contar com fontes renováveis. Potencial para isso existe", afirmou o coordenador de divulgação da Expodireto, Enio Schroeder, que representava o presidente da Cotrijal e da Expodireto, Nei César Mânica. Alexander Leitzke, gerente de Planejamento do BRDE, adiantou que o banco incentivará o setor energético com divulgação de linhas de crédito e apoio técnico em projetos. O estande do banco na megafeira abriga um espaço sobre energia alternativa e energia limpa (solar e eólica). O banco oferece crédito para pequenas propriedades rurais nesse setor. Na prática - Um espaço para demonstração de energias renováveis está entre as principais novidades da feira deste ano, que já se consolidou no cenário do agronegócio brasileiro. Na área da Expodireto foram instalados dois geradores de energia eólica (que produz a energia elétrica através do vento) e um sistema fotovoltaico (que converte energia solar em eletricidade), que abastecem parte do parque de exposições. O objetivo, conforme a bióloga da Cotrijal Deisi Sebastiani Nicolao, é mostrar aos visitantes como é possível transformar esses recursos naturais em energia elétrica, economizando, assim, a energia convencional. Maior exportação de biodiesel para aumentar renda No Simpósio sobre Agroenergia, realizado na tarde de quarta, no auditório central da Expodireto, construído em forma de reunião da Câmara Temática da Agroenergia da Secretaria da Agricultura do Estado, o coordenador da Câmara Temática do setor, Valdir Pedro Zonin, defendeu que será preciso aumentar a exportação de biodiesel para que a soja fique dentro do Estado, gerando arrecadação e melhor renda no campo. "A falta de solução técnica para o etanol que questiona a aplicação de biodiesel no diesel cria um entrave. Precisamos aumentar a exportação de biodiesel. Há expectativa de aumento de 25% na exportação de soja e isso não é bom. O ideal é que a soja ficasse aqui e exportássemos o biodiesel. Esses são os gargalos que precisamos trabalhar seriamente no simpósio. O Estado precisa avançar ainda no aproveitamento de outras culturas como a canola e para que também seja produtiva, assim como o arroz, a cana-de-açúcar, a batata doce e o milho. A canola, por exemplo, possui cerca de 40% de óleo e 38% de proteína e também pode ser utilizada na elaboração de rações para animais. Enquanto o Canadá colhe 60 sacos por hectare do produto, nós produzimos de 25 a 30 sacos por hectare. Ainda é muito pouco", aponta. Já o secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, ressaltou que a falta de solução técnica no Estado para o etanol cria limitações. "A causa do etanol é também a causa de nós deixarmos o ICSM aqui no Rio Grande do Sul", reconhece. Para Mainardi soja vendida é ICMS perdido e soja transformada é geração de ICMS. Nós temos que exportar frango, a proteína animal, transformar a soja em biodiesel, em farelo, para agregar valores". O diretor superintendente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Júlio Cesar Minelli, destacou que "o programa de biocombustível do governo é exitoso e com grandes chances de aumentar. "Hoje nós temos apenas 5% de mistura e estamos buscando 20% de mistura no combustível e ainda assim não conseguiríamos suprir todo o diesel importado. No ano passado, chegamos a importar cerca de 19% do diesel consumido no país. O desafio para ampliar índice depende mais de vontade política do que das indústrias. Muito mais do que o apoio do governo são os resultados que a indústria traz. Quando você usa um combustível limpo, verde, deixa de ter problemas de saúde, tem menos internações, menos mortes. Isso tudo são economias indiretas que o governo dá com o biodiesel". Para o ex-ministro dos transportes e sócio da Klein & Associados, Odacir Klein, a produção de biodiesel é de interesse de toda a cadeia produtiva e gera efeitos muito importantes na saúde no meio ambiente e na saúde humana. "É preciso abrir as comportas fechadas em 2010. É preciso uma mudança na lei que permite o aumento da mistura obrigatória", ressaltou.


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